O vice-presidente da República Michel Temer negou, em entrevista concedida nesta segunda-feira (25) à TV norte-americana CNN, que tenha “conspirado” pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff e afirmou que a petista está “errada” ao dizer que há um “golpe” em curso no Brasil. Desde o ano passado, quando o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acolheu o pedido de impeachment, Dilma, ministros e defensores do governo têm afirmado que não há base legal para o afastamento e que, portanto, o processo de impeachment é um “golpe”.
Além disso, desde as últimas semanas, a presidente tem afirmado ser vítima de “farsa”, “conspiração” e “traição”. Ela também já chegou a dizer, por exemplo, que o impeachment tem “chefe e vice-chefe do golpe”, em referência a Temer e a Eduardo Cunha. “Não há um golpe neste país. Não há qualquer atentado que viole a Constituição”, declarou Temer à CNN.
“Qual conspiração eu estou liderando? Eu tenho o poder de convencer 367 membros do Congresso? Mais da metade da população do Brasil? [...] Eu penso que a presidente está errada neste ponto também”, acrescentou o vice em sua entrevista à emissora norte-americana. saiba mais Temer diz ao 'NYT' estar 'preocupado' com tese de Dilma sobre 'golpe' Temer diz que discurso de Dilma na ONU foi 'adequado' Em outro trecho da entrevista, Temer voltou a dizer, assim como fez nos últimos meses, que sua proposta é para que haja no país uma “reconciliação” e uma “pacificação” nacional.
Segundo ele, é preciso que haja um governo de “salvação”, que unifique “todas as partes” do país, incluindo setores da oposição. Para o vice, esse é o “único caminho” para que o Brasil supere o atual cenário de crise política. Em seu momento mais distante da presidente Dilma Rousseff e mais próximo da oposição desde que chegou ao Palácio do Planalto, em 2011, Temer disse que seu objetivo é recuperar a confiança da população e de todos os setores da sociedade.